5 de dezembro de 2007

Outra vez a Área de Broca

Tive uma reunião com a professora do Pedro. Desde o princípio do ano que me encho de expectativas com o método pedagógico construtivista, baseado no Movimento Escola Moderna, que encontrei ao virar da minha esquina, no Jardim de Infância do Centro Social da Musgueira. Na Wikipédia até lhe chamam "pedagogia libertária". E "libertária" deve ser uma das minhas palavras preferidas.

Gostei de ver o trabalho destes 3 meses, os registos escritos da evolução oral do Pedro. Está tudo apontado assim, tal e qual como ele diz, "Eu fazi", "Eu não sabo". Vejo que no início escolhia sempre ir fazer construções e que agora já diversifica mais as suas actividades. E também explica melhor o que quer fazer, ou o que fez ou não fez. Trouxe também uma centena de fotografias para casa. Se ele sair a mim, as memórias ser-lhe-ão preciosas e, quando for crescido, vai gostar de ver estes registos de "quando era pequenino".

Há também o portfolio. Uma espécie de selecção de trabalhos ou fotografias feita por ele, a professora e os pais. Escolhemos o que queremos para o portfolio e dizemos porquê. Eu escolhi uma pintura de uns cactos. "Porque... é assim... não sei. É giro mas também porque... é organizado. Não sei explicar... Tá a perceber? É assim, ele queria fazer um cacto e fez, e não fez outra coisa. Não sei. E é giro. Percebe?". O que eu queria dizer é que aquela pintura me parecia ter sido uma actividade muito estruturada para ele. Pintou uns cactos, com todos os seus detalhes, com os picos e as flores. E que, ainda que seja importante a imaginação, não andou a pintar crocodilos, ou nuvens, ou formigas, ou outras coisas que não têm nada a ver com cactos, porque não era esse o objectivo da actividade. Era isto que eu queria dizer. Tinha sido uma tarefa estruturada. O meu discurso é que não foi nada estruturado. Quando me li na folha branca de word, corei de vergonha. E juro que se vir por aí um desses cursos de técnicas de debate ou algo que o valha, inscrevo-me imediatamente!

1 comentário:

Manuel Rocha disse...

Quando alguém escreve de si e diz-se "balsaquiana", eu leio que sabe distinguir Mulher de mulherzinha.

Quando essa Mulher, apesar do peso de todas as rotinas, mantém a vivacidade de espirito que encontrei no modo como fala delas, só posso concluir que é também uma Mulher muito bonita. E deixo-lhe uma sincera vénia !