13 de março de 2008

Respeito

Há uns tempos atrás resolvi retomar algum do controlo perdido na minha vida. O ideal seria dominar a taxa de juro, isso é que era, mas limitei-me a torturar-me com uma dieta durante 6 meses. Estou agora, mais ou menos com o meu aspecto pré-filhos excepto na barriga, cabelos brancos, ar desgastado e outras coisas mais que não me apetece gritar ao mundo. Mas as calças são de novo o 28. Infelizmente depois de guardar toda a minha roupa, esperançada, até ao Verão passado, perdi a fé em mim e dei quase tudo antes que as traças comessem. Ando por isso, agora, a ver se me renovo. Já me tinha esquecido é que tudo o que encontro nas lojas me costuma dizer que tenho as costas demasiado estreitas para o tamanho do meu peito, o pé demasiado pequeno para o perímetro da minha perna e a anca demasiado larga para a minha cintura - este último defeito já próximo da resolução com a ajuda do Pedro e do Luis. Sendo neta de alfaiate e costureira só agora me apercebo realmente do fim do "feito à medida".

Penso nisto enquanto folheio o antigo caderno de corte do meu avô. As indicações de como passar as medidas do cliente para a fazenda nos diferentes tipos de trajes. Calças, casacas, capotes, batinas de padre. E, a tracejado, as minhas anotações preferidas: variante para barrigudo, alteração para corcunda, calças para coxo, ombros descaídos, ilíacos assimétricos. Faz-me olhar com despreso os ginásios, nutricionistas e toda a cultura do físico tida como saudável. De respeito pelo corpo, como dizem. Que engano tremendo! O respeito pelo corpo está no respeito pelas suas particularidades. E parece que se acabou com os alfaiates.

Agora vou celebrar esta descoberta com uma fatia de bolo de requeijão.