19 de março de 2009

XX

O que mais ouço, desde a semana passada, é o quão feliz devo estar por ser menina. "É o que querias, não é?", "Finalmente conseguiste!", todos mais excitados com a notícia do que eu.

É verdade que assim existe um elemento adicional de novidade. É verdade. Mas, honestamente, honestamente, espero que seja uma menina Maria-rapaz.

9 de março de 2009

34

Pesam-me. Especialmente os últimos 4 ou 5. Sinto-o de cada vez que comparo memórias de infância com os meus colegas de gabinete. As deles são as minhas memórias de liceu, algumas dos primeiros anos da faculdade. Vivem com os pais, não sabem o que é o IMI, ou mesmo o IRS, e não sentem qualquer impacto com a descida da taxa de juro (o que é isso?). Nem sequer integram, todos os dias, o que se está a estragar no frigorífico, o que existe na dispensa, o que há que tirar do congelador, ou se é preciso dar um saltinho para comprar coentros à mercearia para fazer o jantar. São estas coisinhas que envelhecem.

Por outro lado, não me vendem à primeira o cartão de estacionamento da faculdade porque julgam que sou aluna, a menina do Boticário pede-me desculpa por só ter amostras da linha >30 para me oferecer, e respondo constantemente "já é o terceiro" quando me oferecem conselhos bem-intencionados sobre a gravidez.

Eu não pareço mais nova. A sociedade é que nos infantiliza até aos 30. Os pais querem-nos em casa, tiramos grau atrás de grau antes de encarar o mercado de trabalho, e temos que ter a casa, 2 carros e empregada antes de ter o primeiro filho. Saltamos da adolescência para o "34, já?!". Pois. Somos é velhos demais para crescer, já não temos energia.