25 de novembro de 2008

O parto revisited

A máquina de fazer "plim". Ainda hoje aparece em conversa quanda falamos da experiência hospitalar. O que já não me lembrava, e revi hoje aqui, é que o contexto do sketch é mesmo um parto.

Só os Monty Python para me fazerem rir disto.

Gosto especialmente do "Nothing dear, you´re not qualified." e do "Only people involved are allowed here!" É mesmo, mesmo, assim.


2 de outubro de 2008

Verde

Estou em casa. Agora, cheia de dados, a precisar de um ninho académico onde possa olhar para eles, transformá-los em gráficos e em pês menores que 0.05, esbarro na burocracia e nas tricas da hierarquia. Tenho sala? Tenho. Sempre para a semana. E está sempre a mudar de sítio, a minha sala, que, aliás, é provisória. Porque há-de ser outra. E enquanto espero, mais uma semana, todas as semanas, não é nenhuma. Há uma data delas, fechadas. A ganhar pó. À espera de gente. Mas, enquanto a cúpula decide, permaneço em casa.

Estou quase, quase, zangada. Faço o que posso por aqui, devagarinho. Já tenho exceis. Já tenho números. Aproveito a privacidade do escritório caseiro e ponho uma máscara na cara. Espero que seque enquanto olho o ecran. O Pedro, que vê a minha estadia como uma oportunidade para ficar com febre e não ir à escola, pergunta-me com entusiasmo "Mãe! És o Hulk?!". Por enquanto sou só o mild mannered Dr. Bruce Banner. Mas a cada semana que passa, cresce o Hulk dentro de mim. Que com certeza me meterá em sarilhos.

16 de julho de 2008

Dizia eu ao meu orientador que fulana (de quem gosto muito, e ele também) não filtra o que diz. "E isso é mau?", pergunta-me ele com ar de quem acha que até é refrescante. "Não sei bem... Eu também não filtro". "Tu não filtras mesmo nada. Tens que ter cuidado!".

Parece-me que, afinal, é mau. E parece-me, também, que devo ter posto o pé na poça recentemente.

22 de maio de 2008

Default

O Pedro lamentava-se ontem por não ser castanho como o melhor amigo. "Para ser bonito como o Márcio", dizia-me. "E quero o cabelo, também, castanho escuro e que não cresce". São os dois bonitos. Pequeninos, irrequietos e com os olhos grandes. Nisso até são parecidos. E as cores, expliquei-lhe, dependem das cores dos pais e não há forma de mudar. Ou razão para o fazer.

A minha avó atalhou uma explicação que lhe pareceu mais simples, mais adequada à idade: "O teu amigo é mais castanho porque vai muito à praia e passa muito tempo ao sol. Tens que apanhar sol para ficar mais como ele". Aquilo irritou-me. Percebo-lhe a intenção e sei que não há malícia. Mas o discurso encerra uma opção por defeito: ser claro. A pele escura é uma variante que se alcança se apanharmos sol. São estas subtilezas, estas simplificações infantis, que constroem o preconceito. Que pode não encerrar ódio, nem ser mal intencionado, mas que não deixa de ser um preconceito. Um pré-conceito, aliás, o verdadeiro sentido do termo. Uma pessoa, um ser-humano, tem a pele clara. Tudo o resto é construído sobre esta imagem. Como as bonecas de papel que se podem vestir com diferentas peças de roupa que recortamos. Ou colorir, se a quisermos de cor diferente do original.

Será um pré-conceito geográfico, talvez. Aceito isso e espero que os antípodas equilibrem as coisas. E que as avós do hemisfério Sul alvitrem a falta de sol, aos seus netos, como explicação para a pele leitosa dos que vivem por estas bandas. Mas dado o historial do mundo acho, o nosso, um pré-conceito perigoso. E espero que os meus filhos o adiquiram tão tarde quanto possível. A par da racionalização, da noção de geografia, de proporções, de culturas. Para que saibam que é assim aqui, mas que não é assim em todo o lado. E nisto estou contente com a escola que escolhi para eles. Ali não se insinuam defaults.

21 de maio de 2008

Heróis

Assim, que me lembre, tive três heróis.

Primeiro a Heidi. Identificava-me com a sua relação tão próxima com o avó. Também o meu me levava ao campo, me ensinou a andar de bicicleta, a lançar o peão e até a andar de andas. Se pudesse viveria ali, com ele, e fugia da cidade grande como ela, de volta para a montanha. Fez-me gostar do nome Pedro. Tanto, que é o nome de um dos meus filhos. E quem se vestia de roxo era, com toda a certeza, pérfido como a Rottermeier.

Depois o Sandokan. Faz parte do meu imaginário romântico. O melhor amigo de Sandokan era um português de nome Eanes e no meu universo de 5 ou 6 anos era encarnado pelo então presidente Ramalho. Só podia ser boa pessoa, sendo amigo do Tigre da Malásia.

Já na adolescência apareceu o McGyver. Um herói dos tempos modernos, a transbordar de engenho e conhecimento. Graças a ele sei como travar uma fuga de ácido sulfúrico numa central nuclear, caso me veja em tais apuros. Inicialmente só o via na TVE. O meu pai chamava-lhe "O homem do VitorInox" e só descobrimos o seu nome quando, anos mais tarde, a série passou em Portugal.

O meu novo orientador é um bocadinho McGyver. Precisa de mais ferramentas, é certo, mas constroi qualquer coisa de que precisemos. E, ao mesmo tempo, ensina-nos o que há de mais íntimo sobre a Transformada de Fourier. Tem sido inspirador. Outro dia quando o meu secador de cabelo se estragou a poucas horas de uma ida a um casamento, depois do Engenheiro aqui de casa ter declarado que não o conseguia arranjar por falta de ferramentas adequadas, saquei do meu canivetezinho vermelho e de um rolo de fita-cola e ainda hoje continua a soprar ar quente. Repito mentalmente "Mi nombre es 'macguiber'".

13 de maio de 2008

Fechado para trabalho de campo

Não tenho tempo. Nenhum. Regulo-me pelas marés, estou toda picada por mosquitos e esfalfo-me a tentar arrancar um gerador todos os dias. Falta-me a força de braços. A única reflexão que me ocorre é "Porque é que eu me meti nisto outra vez?". Voltarei assim que conseguir elaborar sobre outras coisas.

16 de abril de 2008

Música

Há 10 anos atrás passei muito tempo a olhar para peixes com o meu walkman por companhia. O discman acompanhou-me no sapal da Ria Formosa. Só ocasionalmente porque tinha medo que se sujasse e fosse o seu fim. Agora ando na praia da base aérea do Montijo com o meu novo ipod shuffle pendurado na alça da camisola. Dá até para pendurar no biquini. Mesmo bom para isto do campo.

A tecnologia evoluiu. Eu é que não. Continuo a ouvir os Radiohead e tenho pena que não dê para ripar cassetes. Tenho lá para casa uma pirataria ao vivo comprada em Camden com o Thom York no seu melhor. Por um lado gosto da sensação destas reminiscências do Erasmus. Por outro sinto-me uma velha do Restelo.

8 de abril de 2008

Certo como à noite se segue o dia

Continuo a ser o Mike. A carreira académica está verdadeiramente globalizada. É um caminho sem retorno em qualquer lugar no mundo. Mas continua a ser um mundo à parte de todos os outros, compreensível apenas por quem lá habita. Inexplicável a quem está de fora. Ainda bem que existe o Piled Higher & Deeper. É assim tipo support group para investigadores.

13 de março de 2008

Respeito

Há uns tempos atrás resolvi retomar algum do controlo perdido na minha vida. O ideal seria dominar a taxa de juro, isso é que era, mas limitei-me a torturar-me com uma dieta durante 6 meses. Estou agora, mais ou menos com o meu aspecto pré-filhos excepto na barriga, cabelos brancos, ar desgastado e outras coisas mais que não me apetece gritar ao mundo. Mas as calças são de novo o 28. Infelizmente depois de guardar toda a minha roupa, esperançada, até ao Verão passado, perdi a fé em mim e dei quase tudo antes que as traças comessem. Ando por isso, agora, a ver se me renovo. Já me tinha esquecido é que tudo o que encontro nas lojas me costuma dizer que tenho as costas demasiado estreitas para o tamanho do meu peito, o pé demasiado pequeno para o perímetro da minha perna e a anca demasiado larga para a minha cintura - este último defeito já próximo da resolução com a ajuda do Pedro e do Luis. Sendo neta de alfaiate e costureira só agora me apercebo realmente do fim do "feito à medida".

Penso nisto enquanto folheio o antigo caderno de corte do meu avô. As indicações de como passar as medidas do cliente para a fazenda nos diferentes tipos de trajes. Calças, casacas, capotes, batinas de padre. E, a tracejado, as minhas anotações preferidas: variante para barrigudo, alteração para corcunda, calças para coxo, ombros descaídos, ilíacos assimétricos. Faz-me olhar com despreso os ginásios, nutricionistas e toda a cultura do físico tida como saudável. De respeito pelo corpo, como dizem. Que engano tremendo! O respeito pelo corpo está no respeito pelas suas particularidades. E parece que se acabou com os alfaiates.

Agora vou celebrar esta descoberta com uma fatia de bolo de requeijão.

28 de fevereiro de 2008

Imagem

De manhã hesitei entre vestir uma das minhas várias calças rotas nos joelhos, ou umas assim um bocadinho menos rotas, o par "bom", ainda que meio esgaçadas perto dos bolsos. Todas assim de velhas, não de propósito. Enquanto ponderava quais usar o João apressou-me com um "Despacha-te que temos que ir ao Barclays".

Já ando farta dos joelhos expostos ao frio de Inverno mas decidi-me pelas mais rotas. É que, nisto de bancos, convem pensar-se na imagem.

13 de fevereiro de 2008

Expectativas

A minha avó Celina sempre soube gerir com mestria dois papeis muito distintos. Por um lado, o de mulher em segundo plano, que gere a casa e atende ao marido e aos filhos. Por outro, o de mulher auto-suficiente e independente económicamente. A sua mãe foi provavelmente uma das poucas mulheres legalmente divorciadas da sua geração, ficando com os seus 6 filhos a cargo. Talvez por isso, a noção de ser necessário o auto-sustento, sem depender seja de quem for, é algo primário para a minha avó. Durante muito tempo, aliás, inverteram-se os papeis tradicionais e foi também ela que sustentou a casa com os seus trabalhos de custura, que a alfaiataria do meu avô, com o advento do pronto-a-vestir, dava pouco mais que prejuizo. A integração destes dois papeis sempre foi exímia. E muito bem ilustrada pelo facto de, sempre que recebia dinheiro, a minha avó ter o cuidado de colocar, sorrateiramente, parte dele na carteira do meu avô. Para que sempre tivesse algum "para as suas coisas" e não se sentisse humilhado tendo que pedir.

Agora, comigo, exige-me que seja igual. A culpa do João não comer fruta é minha, que não lhe descasco. E corro também sérios riscos de ele sofrer uma grave desilusão se não lhe fizer jantar nos dias em que chega mais tarde e em que, por isso mesmo, tenho mais trabalho com os miúdos. Ele talvez exija o divórcio por eu lhe sugerir que traga um frango demasiadas vezes. Por outro lado acha que a minha insistência anual para ir à pendura ao Lés a Lés é injustificada. Eu devia era tirar a carta de moto e fazer equipa com ele, em pé de igualdade.

Tenho genuina pena em desiludi-la. Não só tenho medo de conduzir uma moto como acho que, não é que tenha direito de o exigir, é claro, mas não acho descabido que o João me descasque uma fruta a mim.

8 de fevereiro de 2008

CV

Estive a avaliar CVs de candidaturas a um projecto de uma empresa com que colaboro pontualmente. Foi a primeira vez que me vi neste papel de escolha. Procura-se alguém que, para além da formação técnica ou científica adequada, possua alguma articulação verbal, que a ideia é os candidatos elaborarem candidaturas a financiamentos pelo novo quadro comunitário.

Percebi rápidamente que não tenho os mesmo critérios na avaliação de capacidade de escrita que a pessoa que seleccionava os CVs comigo, que é também o principal impulsionador deste projecto. "Este não, só tem média de 14", diz ele. "Mas fez um curso de escrita criativa e tudo, olha lá, é capaz de ser interessante". "Mas só tem média de 14". E pronto, fica arrumado, porque a experiência diz-lhe que os bons alunos são mais articulados, mais organizados e mais responsáveis. É capaz de ter razão, eu sou novata nisto. Mas ainda assim acho que o fazer um curso de escrita criativa diz mais sobre a relação de alguém com as letras que aquele número com que se termina o curso.

Mas o pior veio depois. "1975? Esta está em idade reprodutora...", diz enquanto torce o nariz. "E não trabalha desde Junho do ano passado? É de certeza casada e deve estar em casa com a prole". Primeiro fiquei surpresa - que o tenho em boa conta - e depois incomodada. Disse-lhe que sobre os rapazes não fazia comentários à idade e ao estado civil e que estava a achar aquilo preconceituoso, e que são estas coisas o mal da sociedade que temos. Ainda tinha mais argumentos, mas não tive tempo, terão que ficar para outra altura. É que tenho sempre que sair às 5, sem falta, para conseguir ir buscar os miúdos à escola.

31 de janeiro de 2008

Tradição

Hoje, eu e o João, fazemos anos de casados. Como é costume, nenhum de nós se lembrou. Fomos alertados pelos parabéns de terceiros. Há um certo conforto nesta tradição de esquecimento. Suspeitarei que algo de errado se passa no dia em que for surpreendida com uma prenda a assinalar a data.

Fiz as contas aos anos. Só sei quantos são se andar para trás. Casámos dois anos depois do início de namoro. Começámos a namorar no ano em que morreu o meu amigo Luis (eu, ansiosa por chegar ao trabalho depois do Verão para lhe contar a novidade, fui recebida pela notícia e os olhos inchados de todos os que chegaram antes de mim). O Luis morreu no primeiro aniversário da queda das torres. E, bom, sei que as torres caíram em 2001 porque a essa informação não se escapa. Faço assim as contas: 2001 - 2002 - 2004! Para 2008, são quatro anos.

Claro que agora que fomos lembrados e as contas foram feitas, já lhe disse que a este ano corresponde uma prenda de fruta ou flores. Ele sugeriu 1Kg de pêras. Sinto também um certo conforto nesta tradição de romantismo entre nós.

23 de janeiro de 2008

A teoria da relatividade aplicada

Não gosto de ficar em casa. O teletrabalho, o "fazer as minhas horas", é algo que me horrorisa. Gosto de sair, ver os colegas, almoçar acompanhada.

Para meu azar tenho um trabalho com uma flexibilidade de horário tal, onde ficar em casa não só é fácil como, por vezes, encorajado, que aqui não há secretárias que cheguem para todos, e os pontos de rede também têm que ser partilhados. Calha-me sempre a mim, portanto, "estar de baixa" quando é preciso.

A passagem do Varicella zoster lá por casa gerou dessas necessidades. Duas semanas de retiro e isolamento, em que vejo o tempo a passar veloz através da janela, mas lento e arrastado do lado de dentro. E o pior é que não é apenas sensação. Ontem saí, finalmente. Deixei a minha casa ainda com a árvore de Natal na sala e encontrei cá fora a Primavera.

Foi como viajar para o futuro.

14 de janeiro de 2008

Finanças

A repartição de finanças do Lumiar renovou-se. Um Verão inteiro de obras, que eu desse conta, e agora surge envidraçada, com mobiliário claro, coordenado, e em tons de azul. Muitas plantas, também, como que a dizer que o ar ali, assim como tudo o mais, qual Sir Galahad, é puro. As paredes e portas são decoradas com palavras de ordem contra a evasão fiscal.

Depois de pagar os 3 euros e pouco pela caderneta de recibos verdes entregam-me uma folha A4. "É o recibo?". "Não, é a referência da caderneta. Mas quer recibo, é?".

10 de janeiro de 2008

Idade

Fui ao médico. Uma panóplia de exames para fazer, não porque haja suspeita de alguma maleita, mas porque "já estás em idade de ir controlando estas coisas". São comentários destes que nos fazem perceber que afinal não temos bem a idade que pensávamos que tínhamos. Há alguns marcos ao longo da vida. Lembro-me que o primeiro baque foi quando me apercebi que as candidatas a Miss Portugal eram já todas mais novas do que eu. Depois, de repente, deixa-se de ter Cartão Jovem. E agora já estou em "idade de ir controlando estas coisas".

É que, na minha cabeça, eu ainda ando de Kilt xadrêz. Ainda não sei bem o que se passa no mundo. Algumas roupas que me sugerem são "assim muito à senhora". E ainda me apetece comprar livros da Alice Vieira.

Numa conversa nada a propósito, com uma colega estrangeira de visita ao laboratório, dizia a Clara "I don't think we ever grow up". Pois. We just get old.

4 de janeiro de 2008

Cicatrizes

"Quando alguma coisa falta pode ser acrescentada". Esta frase está escrita numa parede de um prédio ao lado do meu. Não é graffiti. Faz parte de uma instalação alternativa qualquer que por ali houve. A instalação foi temporária, mas a frase é perene. Sempre que passo, olho-a, leio-a, e há ali qualquer coisa que trago para casa. É um modo de vida. Pode significar a diferença entre tornarmo-nos pessoas amargas a maldizer a nossa condição, ou felizes com a vida e achar que todos os males têm remédio. Gosto de a ler, amiúde. Tento que seja um lema.

Começo assim para dizer que costumo ler aquilo que vejo pintado. Nem sempre é só tinta a conspurcar paredes. E acho saudável fazer o esforço por ler o que alguém quiz dizer. Pode acrescentar-nos alguma coisa ao dia, se não à vida. Volta e meia tenho esta conversa com pessoas, mas geralmente não partilham o meu ponto de vista. Há uns tempos tive esta discussão com um amigo a quem enviei esta foto e lhe dizia que me perguntava porque é que existe esta necessidade generalizada de exprimir publicamente o amor. Um amor mais efémero do que os nomes que deixa escritos, argumentava ele, com razão. Mas talvez seja essa efemeridade a razão de o deixar gravado.

Tive esta epifânia, hoje ao almoço, enquanto conversava com o meu pai. Ele falava sobre um documentário em que se discutia o significado evolutivo das cicatrizes. Houve tempo e oportunidade para que a regeneração de tecidos fosse mais perfeita. Para que se conseguisse a elasticidade e pigmentação de uma pele virgem. Mas não. Desenvolvemos um processo de cicatrização que deixa marcas. E evolutivamente faz todo o sentido. São memórias que ali estão. Memórias dos sarilhos em que não nos devemos meter se queremos sobreviver. Memórias do que nos magoa. Do que devemos evitar. E de repente, percebi, que o amor público pelas paredes da cidade, pelos bancos, pelas troncos de árvores, são cicatrizes também. Que se enchem de significado quando o amor passa. E nos servem de lição quando as relemos.

Começo a olhar as cicatrizes de forma diferente, desde hoje ao almoço. Sempre achei que as de "guerra" continham histórias, mas agora percebi que todas elas são memórias dignas. Quem prestar atenção à coluna da direita verá, pelos meus links, que vivo a frustação dos meus filhos não terem nascido de parto natural, que sinto as duas cesarianas por que passei quase como uma violação da minha condição de fêmea. Mas hoje olho a minha cicatriz púbica, cujo o meu tipo de pele ainda exagerou ao formar queloide, e tenho pena que não se note quando uso biquini.