29 de maio de 2007

Intimidade

Estive inscrita, aqui, para responder ao longo inquérito que deu origem a este livro.

Tenho pena que o questionário tenha ficado apenas meio preenchido, algures no My Documents. Mas exigia demasiado tempo. O meu lado feminino estava, então, ocupado com a gestação do Luis, e o meu outro lado ocupado com a gestação d'A Tese. Depois dos dois partos já tinha passado o prazo.

O livro segue, parece, as passadas de My Secret Garden e Forbidden Flowers de Nancy Friday - dois títulos dos anos 60 ou 70 que li, vorazmente, na adolescência. Tenho curiosidade em saber se as diferenças culturais e geracionais entre estes livros se reflectem nos textos, ou se a intimidade - por definição tão pessoal - está, também ela, globalizada.

Vou comprá-lo, mais dia menos dia. Até lá, se me quiserem oferecer qualquer coisa, aqui fica a dica.

Adenda 04/06/2007: Já comprei.

24 de maio de 2007

Murros no estômago

Às vezes, quando menos se espera, recebe-se um.

Eu reciclo. Dou dinheiro à UNICEF e Amnistia Internacional. Assino as petições contra a violação dos direitos humanos. Comovo-me genuinamente com quem faz mais mas não dou o passo para lá do que se faz online. "Quando crescer / quando tiver tempo / quando os filhos forem maiores vou fazer a minha parte para que o mundo seja melhor", penso enquanto engulo o nó que se forma na garganta. E no entretanto passam-se os dias, meses e anos a gastar energia na manutenção do status quo. E, quando recebo um desses murros, não sei bem se o que me dói mais é o estado em que vai o mundo ou a realização da minha ausência de contributo para que não vá assim.

"Pensar global. Agir local." é o refúgio da minha consciência. Mas há dias - cada vez mais dias - em que esse cobertor me deixa os pés frios.

22 de maio de 2007

Tatus novis

Não, não é a minha nova espécie de estudo. Tatus novis são as palavras mágicas para o Pedro. O suborno certo. O preço que se paga e acaba com qualquer birra. O Pedro, qual Imelda Marcos, vende-se por um par de sapatos novos. Felizmente não têm que ser designer shoes.

A escolha para este Verão são estas sandálias da Chicco, que vai dando provas de conforto e durabilidade.

21 de maio de 2007

Savana

Para acabar com os feltros de outros projectos, e com uns tecidos que tinha lá por casa, este Verão resolvi costumizar as t-shirts dos meus filhos. É também a oferta standard, por agora, para amigos que se tornem pais, ou amiguinhos que façam anos. Ou uma solução para nódoas que nem o Sol apaga.

Gosto de ver as ideias, assim, materializadas. Com o tempo, espero, com muito menos imperfeições.

Os desenhos foram baseados no padrão destes calções da BabyGap.

16 de maio de 2007

O meu meme

Por desafio da Joana, passei algum tempo a pensar qual o meu meme de eleição, que ideia gostaria eu de ver a multiplicar-se na "piscina de memes" da sociedade actual.

Acabei por escolher um meme pouco egoista, temo que quase em vias de extinção, apesar de já ser velhinho, velhinho. Aqui fica, contra o Darwinismo social, que parece ser o meme dos dias de hoje.


"De cada um segundo as suas possibilidades, a cada um segundo as suas necessidades."


Não tenho muitos amigos, com blogs, para desafiar. Mas talvez o meu pai, a Vera e a Ana queiram pensar nisso.

[Pensei em mudar o título deste post para "2 em 1". É que este desafio, de blog em blog, também é, no fundo, um meme. Mas depois o link era alterado e este meme não sobreviveria a tamanha mutação.]

11 de maio de 2007

A vida em BD #3

Hoje é sexta-feira, dia de ER no AXN. É, talvez, a única coisa que ainda me esforço para ver.

Hoje tenho convidados para jantar, na semana passada foi essa do cable was out, e nas outras a culpa é dos miúdos.

10 de maio de 2007

Globalização

Quando o David foi para Cabo Verde pedi-lhe para me trazer um pano típico - e típico é a palavra-chave - para carregar o Luis.

Parece, garante-me ele, é que o que se usa por lá agora são estes sarongs, made in Indonesia, e comprados nas lojas chinesas.

É bonita a minha prenda. Vou usá-lo para levar o Luis e dar passeios na praia. Tenho pena é que seja típica da aldeia global e não de Cabo Verde.

4 de maio de 2007

(Un)easy rider

Foi no Domingo passado, um dia quente de Primavera, mas já a adivinhar os dias cinzentos que se seguiram.

Começámos em Lisboa. Eu, ainda de carro com os miúdos. Os outros três - João, Pedro e Susana - já nas motos onde seguiriamos viagem. Em Corroios largámos os filhos com os avós. Coloquei o capacete e vesti o casaco de Verão do João, que me fica demasiado grande em algumas partes do corpo e demasiado pequeno noutras - as curvas, as desejadas e as indesejadas, exigem roupa custom made - e começámos, então, o passeio.

Em Alcácer do Sal parámos para um café e para decidir, exactamente, o itenerário. Já dava pela existência das minhas costas e o forro velho do capacete das namoradas do meu irmão dava-me uma comichão insuportável. Troquei de capacete com o João, só para constatar, afinal, que era o meu cabelo que me irritava o couro cabeludo.

Seguimos Alentejo fora com destino a Serpa, para almoço. Pelo caminho fui apontando as buganvílias ao João, que as olhava desinteressado. Sou a única a depositar esperanças e esforços na que está na varanda, portanto.

Em Serpa custou-me dar os primeiros passos depois de descer da moto, mas a Sopa de Cação que me esperava animou-me. Para fazer tempo, enquanto esperávamos mesa, tomámos uma imperial no Lebrinha, porque parece que é obrigatório. E é mesmo!

Depois do almoço já só apetecia giboiar, mas tínhamos decidido chegar a Mina de S. Domingos, antes de voltar para cima. Improvisei uma fita no cabelo por causa da comichão - resultou - e seguimos. Era bonito, mas a urgência* de voltar não me deixou apreciar este bocadinho do Alentejo.

Começou então o regresso: Castro Verde, Grândola, Alcácer, de novo, Corroios-Lisboa. Ainda antes de Castro Verde vi uma placa a dizer "Lisboa 220" que me fez doer o corpo e a alma. As costas já não me sustentavam, era eu que as sustentava a elas. O frio do entardecer começou a entranhar-se nos ossos. A posição no assento fez-me maldizer cada pedra no caminho, cada lomba que transposemos. Em Grândola comecei a pensar obsessivamente na banheira de hidromassagem dos meus pais. Em Setúbal começou a chover. Só percebi quando ouvi o barulho da chuva a bater no capacete.

Pouco depois, chegámos.

Com um casaco à minha medida e à medida do frio que faz lá fora, fita para o cabelo, e uma mala para a moto onde me possa encostar, acho que repito a aventura. E nestes 500 km à pendura ocorreu-me que eu e o João só partilhamos actividades onde não podemos trocar uma palavra: isto e o mergulho. Mas entendemo-nos bem nestes silêncios.

* É que isto de deixar os miúdos com os pais faz-me sempre sentir uma adolescente que está a voltar para casa demasiado tarde. E quando chegar vão ralhar-me e não me deixam sair de novo por um mês inteiro, de castigo.

3 de maio de 2007

Tropicália

Aos poucos vai aparecendo cor na minha varanda cinzenta.

A buganvília (Bougainvillea sp.) e a outra - não sei o seu nome - foram um presente da Clara por ter ficado com os seus filhos enquanto ela e o Yorgos trocaram, por três dias, o papel de pais pelo de casal.

Temo que morram, que não saiba cuidar delas, que o vento do Alto do Lumiar as fustigue para além do que a sua natureza tolera. Mas sonho com uma varanda de onde pende uma buganvília em flor, gigantesca, como em tantos quintais pelo Alentejo fora.

Esta yuca (Yucca sp.) também fazia parte do presente. Já a conheço e confio mais na sua capacidade de resistência.

Agora, falta só pendurar a minha rede cadeira, há tantos anos a ganhar pó na arrecadação. Puxar de um livro - talvez Zélia Gattai - e sentir os trópicos* em plena Lisboa.

* Claro que me seria mais fácil acreditar se as fotos não fossem de um dia cinzento e chuvoso.

2 de maio de 2007

Incentivo à maternidade

O Pedro anda na mesma creche há mais de 2 anos.

Quando fiquei grávida do Luis, em Março do ano passado, tratei de anunciar com rapidez, por causa das vagas, a intensão de o colocar no mesmo sítio.

Quando o Luis fez 5 meses, não teve lugar. Está, provisoriamente, numa ama.

Para o inscrever para o ano que vem, tive que fazer plantão hoje - dia de inscrições - à chuva desde as 6 da manhã. Para garatir uma boa posição na lista de espera. Assim, como se começasse hoje a minha espera, e não há 1 ano atrás. Como se fosse razoável ter que colocar cada filho em diferente instituição apenas porque não cheguei a horas no dia certo.

Fui a 3ª a chegar (vá lá, uma medalha de bronze na categoria de cuidados parentais). Garanti, assim, com a minha abnegação e sacrifício, uma vaga para Setembro. Eu já devia era saber que numa instituição paroquial de apoio social só podia ser esta a moeda aceite.