4 de outubro de 2007

90

Desde segunda que apanho o 90 para ir trabalhar. Na verdade, há muitos anos que apanho o 90, intervalado por periodos de outras carreiras, de metro, de carro, dependendo das moradas que me têm acolhido. Mas o 90 é dos meus meios de transporte preferidos e fico feliz quando a vida se conjuga de modo a que faça parte do meu dia a dia. É o único que faz a ligação Saldanha - Sta. Apolónia. O único que sabe que, chegado à Praça do Comércio, existe destino à esquerda. Que nem toda a gente quer ir para o Cais de Sodré. Ou que, chegado à Fontes Pereira de Melo, há quem queira ir em frente.

Há anos atrás reduziram o número de carreiras. Agora, o 90 só trabalha em part-time de manhã e ao final da tarde. E, ouvi dizer, até ao final do ano será terminado o percurso. Não serve de nada escrever à Carris e testemunhar o meu carinho pelo 90, a falta que me fará. Quando o fiz sobre o trajecto final do 108, que foi abruptamente amputado, responderam-me que uma lotação de 30% não justificava a sua manutenção. Eu acho que vinte e poucas pessoas por cada autocarro, quase 100 pessoas por hora, é desconsiderar muita gente. Mesmo que tanta gente sejam só 30%.

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