Quando me sabem de volta aos transportes públicos, e com o Luis como companhia, ouço frequentemente "Coitadinha...". Não sei como explicar que no princípio do mês, ao comprar o passe, sinto quase como se comprasse a minha carta de alforria. O carro é como uma prisão. Sem dúvida mais confortável que um autocarro, mas estar dependente dele oprime-me. O estacionamento, as bichas, angustiam-me. O carro torna-me a vida cinzenta. No autocarro sinto-me em comunhão com a cidade. Faço parte dela. Posso mostrar ao Luis as luzes de Natal que não tardarão a aparecer no centro da cidade ao invés de tentar evitar o trânsito pela periferia. Posso ler as capas dos livros de quem se senta à minha frente, de cada pessoa nova, ao invés dos cartazes publicitários de sempre expostos pela rua. Sinto-me mais exposta à vida... acho que é isso.
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3 comentários:
Tens tanta razão, Joana, que me convenceste (para além de que quase sempre me emocionas !). Já comecei a ir ao Chiado de Metro e vou pensar nos autocarros...
Andando fora da hora de ponta, ainda é mais fácil. Os autocarros têm a vantagem de ter luz natural e de se poder contemplar a cidade. Por vezes são mais lentos, é verdade... Mas mais uma vez, fora da hora de ponta, é tudo mais tranquilo. O ideal é ter o L e apanhar o que nos apetece na altura, consoante as horas, o tempo, o trânsito. É dessa liberdade, dessa versatilidade, que eu gosto.
A Joaninha é uma pessoa que vale a pena.
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